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"Entre o bem e o mal não existe neutralidade.
De igual modo, não há miscibilidade ou transição entre a verdade e a mentira.
Escondemo-nos na sombra ou revelamo-nos na luz.
Quem não edifica o bem, só por essa omissão já está
forjando o mal, em forma de negligência."

Emmanuel - do livro O Espírito da Verdade

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sábado, 7 de novembro de 2009

PORQUE SOFREMOS

"Felizes os que choram, porque serão consolados" (Mateus 5:4)

A vida na Terra é uma luta constante. Desde que nascemos, ou renascemos, até a desencarnação, estamos sempre diante de dificuldades, desafios, obstáculos a vencer. Por que é assim? A causa da dor tem sido motivo de estudos, pesquisas dos pensadores em todas as épocas. A Doutrina Espírita nos ensina que o sofrimento é o preço da evolução espiritual, do desenvolvimento de nossas potencialidades. Toda a vida da natureza em evolução está baseada numa espécie de sofrimento sadio. O embrião ao romper a casca, na germinação, atravessar a terra em busca da luz do sol, lembra trabalho, luta, uma espécie de sofrimento. Se um ferimento não causasse dor, por certo seria difícil manter a integridade do corpo físico. Não receberíamos os avisos indispensáveis para cuidarmos da parte lesada. A dor física acusa algum distúrbio, algo funcionando mal na máquina orgânica. A dor moral (medo, angústia, ansiedade, insegurança, etc.) indica desequilíbrios no Espírito, na individualidade. Ambas as dores servem para informar que algo não está bem e que precisa ser corrigido.

Jesus promete felicidades aos que sofrem. Serão consolados, compensados. O resultado prometido pelo Mestre ocorrerá num futuro próximo, ou mais distante. Nesta vida, ou no plano espiritual, ou em vidas futuras. Com a experiência, o aprendizado, a depuração daí decorrente nos fará melhores entendedores da Lei Divina. Ensinar-nos- á a viver de acordo com a Lei, consequentemente, em harmonia, paz e segurança.

A causa da dor - A Doutrina Espírita nos esclarece que o sofrimento pode ser expiação, provação ou missão
.
Expiação quando transgredimos às leis divinas e temos que reparar os danos. Agimos em desacordo com a Lei: ferimos, humilhamos, maltratamos, fazemos outros sofrerem. Teremos que reparar os males cometidos. É a Lei. A cada um segundo suas obras. Plantamos o mal, usando da nossa liberdade. Teremos, compulsoriamente, que colher os resultados correspondentes. "Quem com ferro fere, com ferro será ferido", disse o Mestre. Mas nem todo sofrimento é expiação.
No item 9, cap. V, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec assinala: "Não se deve crer, entretanto, que todo sofrimento porque se passa neste mundo seja necessariamente o indício de uma determinada falta: trata-se freqüentemente de simples provas escolhidas pelo Espírito para sua purificação, para acelerar o seu adiantamento". São claras as palavras do Codificador. Não estão corretos aqueles que generalizam e afirmam que todo sofrimento é resultado de erros praticados no passado. O desenvolvimento das potencialidades, a subida evolutiva, requer trabalho, esforço, superar desafios. É a provação. As tarefas a que o Espírito se submete, a seu próprio pedido, com vistas ao seu progresso, à conquista de um futuro melhor.
E há, ainda, o sofrimento-missão. Espíritos mais evoluídos que aceitam tarefas em planos inferiores, para ajudar os irmãos menos evoluídos. Como o professor que vai à sala de aula para orientar, para ajudar os educandos no seu aprendizado. O professor, ensinado, também aprende. O missionário ensinado, exemplificando o bem, sofre as incompreensões daqueles a quem está ajudando, mas também cresce em conhecimentos e em experiências.


Como sofrer? Não basta sofrer, é preciso saber sofrer. Se não tirarmos da luta, dos obstáculos superados, as lições que eles nos trazem, poderemos ficar repetindo a lição, como o aluno pouco inteligente, que perde tempo no aprendizado. A dor pode levar à revolta. A criatura se rebela, considera-se injustiçada, fica contra tudo e contra todos. Isto vai aumentar o seu sofrimento e até mesmo criar dores desnecessárias. Como a criança que faz birra ao tomar banho. Chora, bate com as mãos, com os pés, e acaba levando água com sabão aos olhos. A dor daí decorrente seria evitada sem a birra. O revoltado vai demorar mais para aprender. Os benefícios da dor chegarão mais tarde, quando dobrar o seu orgulho e se ajustar à Lei Divina.

Às vezes, a dor faz outro tipo de sofredor. São os conformistas. Pessoas que perdem o entusiasmo pela vida. Consideram-se vencidas, derrotadas. Daí por diante vão sendo levadas pelos acontecimentos, considerando-se incapazes de assumir a direção do que ocorre em suas vidas. Como se as dificuldades fossem maiores do que eles. Estes também retardarão as compensações prometidas por Jesus. Pela falta de confiança em Deus e em si mesmas, esquecidas de que "Deus não coloca fardos pesados em ombros fracos". Só um pouco mais tarde colherão os benefícios das lições consideradas, incorretamente, como difíceis demais.

E, finalmente, há aqueles que sabem sofrer. Não se revoltam nem se deixam abater pelos obstáculos. Mobilizam suas forças, vão à luta e conseguem superar as dificuldades. Como disse o poeta: "levantam, sacodem a poeira e dão a volta por cima". Aproveitam as lições que a dificuldade oferece, tornando-se mais experientes, valorizados, regenerados.
A mensagem do Espiritismo aos que sofrem é a mesma de Jesus, no Evangelho. O Mestre nos convida: "Vinde a mim, todos vós que vos encontrais aflitos sob o fardo, e eu vos aliviarei".

Ir a Jesus é procurar conhecer e seguir seus ensinamentos. Esforçar-se para viver conforme Ele ensinou. É o estudo e o trabalho no bem. Estudo é a informação, a seta que indica o caminho. Mas só saber a direção a tomar, e não caminhar não adianta. É preciso experimentar, fazer como Ele nos ensinou. Se procurarmos agir assim, iremos encontrando o equilíbrio, a paz e o alívio para as nossas dores. Se ainda não estamos recebendo tais benefícios é porque ainda não nos empenhamos em praticar o que o Mestre nos ensinou, no Evangelho. Estamos, ainda, só na teoria, só na informação. Somos cristãos de rótulo, simples teóricos. Quando a vida nos oferece as situações para experimentarmos os princípios cristãos (tolerância, indulgência, perdão, auxílio desinteressado ao próximo) fracassamos porque aqueles princípios são em nós, apenas teoria. Não foram introjetados, conscientizados, apreendidos verdadeiramente.
À medida em que atendermos o amável convite de Jesus, e irmos à Ele, vivendo seus ensinamentos, estaremos encontrando o alívio desejado para as nossas dores.

José Argemiro da Silveira
Escritor e orador espírita, escreve para o jornal "Verdade e Luz" de Ribeirão Preto(SP)

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