segunda-feira, 26 de novembro de 2012
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
DIA DOS MORTOS (Finados) - Parte II
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Ao pensar nos nossos mortos, cabe ter essa certeza de que os nossos mortos vivem, eles não estão jazendo nos sepulcros.
Que
coisa grotesca será imaginar nossos seres amados enterrados na
sepultura com os seus despojos! Vale a pena pensar numa gaiola vazia,
donde o pássaro já se foi. Vale a pena pensar nisso.
O
nosso corpo físico, durante um tempo mais ou menos largo, serve-nos de
morada, serve-nos como uma gaiola que, ao mesmo tempo que nos ajuda a
aprender, a crescer, também é um instrumento através do qual resgatamos
aquilo que devemos em face da vida, coloquemos em ordem a nossa
consciência com as Leis Divinas.
Logo,
o Dia de Finados, o Dia dos Mortos deveria ser um dia sim, de homenagem
aos nossos seres queridos, mas de outra maneira. Aprendermos a fazer um
levantamento de como se acham nossas disposições na vida, se estamos
vivendo de acordo com os ensinamentos de nossa mãe, de nosso pai, se os
estamos homenageando, glorificando seus nomes, pelo tipo de criatura que
sejamos: dignas, nobres, amigas, fraternas, cooperosas, dedicadas ao
bem.
Afinal
de contas, de que outra maneira melhor nós poderíamos homenagear os
nossos mortos? Nem sempre levando flores para enfeitar os sepulcros onde
se acham seus despojos. Aqueles recursos das flores, quantas vezes
poderiam ser transformados, em nome dos nossos mortos, em leite para uma
criança pobre, em pães para o necessitado, em remédios para um doente
que não os pode comprar, em cadernos para que alguma criança aprenda.
Nós
podemos converter aquela quantidade enorme de cera que compramos para
queimar nos cemitérios, que não vai levar a lugar algum os nossos
mortos, que não precisam de cera queimada, converter isso em roupa, em
alimentos, em agasalho, em material escolar, em medicação, em
acompanhamento, em homenagem aos nossos mortos.
Quando
presenteássemos uma criança com o kit de material escolar, nós
poderíamos dizer a ela, caso ela entendesse, ou aos seus pais: Faça uma
prece por Fulano de Tal, que é meu filho, que é meu pai, que é minha
mãe, que é meu irmão, ou meu amigo.
Nós
teríamos formas tão mais agradáveis, tão mais felizes, de homenagear os
nossos mortos. E cantar, brincar, e nos alegrar, como eles gostavam que
nós fizéssemos.
No
Além, eles continuam gostando. Quantos filhos que se foram para o Mais
Além e suas mães começam a morrer aqui na Terra. Não se tratam mais, não
se cuidam mais, não os respeitam mais.
Se
seus filhos gostavam de vê-las bem vestidas, bem cuidadas, alegres,
joviais, em homenagem a eles, no Dia dos Mortos e em todos os dias da
vida, continuem assim, bem cuidadas, dispostas, alegres. O que não nos
impede a lágrima de saudade e nunca a lágrima de revolta.
Se
os nossos filhos gostavam de saber que nós estamos envolvidos em
atividade social, em alguma atividade do bem como voluntários, servindo
numa escola, servindo num velhanato, num hospital, vamos continuar a
fazer isso em homenagem a eles, em nome deles que de onde estiverem, nos
aplaudirão, nos incentivarão.
Se
tivemos nossos entes queridos desencarnados em situações drásticas,
pela drogadição, pelo vírus do HIV ou pelo suicídio, mais motivos temos
de rogar a Deus por eles, de homenageá-los, fazendo toda a cota de bem
que nos for possível. Em honra deles.
Não
tenhamos qualquer mágoa deles. Não imaginemos que eles estejam perdidos
para sempre. Nunca suponhamos que Deus os vá castigar por sua
fragilidade, porque Deus não é um juiz que sentencia. Deus é um Pai que
ama, e certamente, se nós estamos fazendo as coisas boas para homenagear
no Dia de Finados, ou ao longo dos dias do ano, os nossos amores que
foram para o Além, por vias naturais ou por alguma enfermidade, o que é
que não faremos para homenagear àqueles que saíram de maneira tão
triste, tão lastimável da convivência com o corpo físico.
Por
isso é que a nossa oração por eles deverá partir do nosso coração, do
mais íntimo do nosso ser, pensando em Deus como o Pai comum de todos
nós, mas nos colocando diante da vida de maneira muito operosa, nos
tornando pessoas úteis, a fim de que o Dia de Finados transcorra para
nós como mais um dia em que homenageamos os nossos seres queridos que
demandaram o Mais Além, na vibração, na torcida, fazendo os votos para
que os nossos amores, que já se transformaram em estrelas, sejam felizes
nessas dimensões do Invisível, junto a Esse amor incomensurável de
nosso Pai Celeste.
Raul Teixeira
DIA DOS MORTOS (Finados) - PARTE I
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Você já parou para pensar no sentimento que move as criaturas diante da morte de um ser querido? Se você nunca teve essa experiência, dificilmente conseguirá pensar devidamente.
É que a morte ainda no Ocidente é uma grande hidra. As criaturas têm um medo terrível da morte e do morrer. Muito pouca gente se dá conta de que a morte é o reverso da medalha da vida. Para que nós tenhamos vida, há necessidade deque haja morte.
No planeta material em que nos encontramos, todas às vezes em que nós falamos do fenômeno da vida, só o falamos porque esse fenômeno está atrelado ao da morte. Para que uma coisa viva, outra coisa terá que morrer. Para que a planta viva, a semente morre. Para que o pão apareça, temos que triturar o grão. Dessa maneira, para que nós, seres humanos, vivamos temos que matar tantas plantas para nos alimentar, alguns animais que alimentam a nossa mesa.
Temos que digerir, que deglutir uma quantidade enorme de partículas de vida que estão pelo espaço, pelo ar que respiramos. Temos que gastar uma quantidade muito grande de oxigênio para podermos sobreviver.
A morte significa muito pouco no conjunto da vida. Afinal de contas, quando pensamos nesse fenômeno do morrer e aprendemos que a morte é consequência do desgaste dos órgãos, nos apercebemos que começamos a morrer quando nascemos, quando somos dados à luz e temos que respirar com os nossos próprios pulmões. Aí começa o fenômeno da queima, do desgaste do órgão, da morte.
Quando nós pensamos nisso, temos que ver que a morte é um fenômeno hipernatural. Tudo que nasce morre, tudo que é matéria no mundo se transforma, e uma das formas de transformação nós chamamos de morte. Um dos modos pelos quais as coisas se transformam é a morte.
Morre a montanha de minério, para que surja a montanha de barro por exemplo. Morre a ostra para que nasça a pérola. E dessa forma, nós verificamos sempre essa dualidade, vida e morte, esse claro-escuro da vida e da morte que nos acompanha.
Valeria a pena pensarmos, nesse dia em que as nossas sociedades ocidentais homenageiam os seus mortos. Chamamos Dia dos Mortos, Dia de Finados, não importa, o que importa é que dedicamos um dia para prestar homenagem aos nossos antepassados, aos nossos amigos, aos nossos afetos, aos amores nossos que já demandaram o Mais Além, que já cruzaram essa aduana de cinzas da imortalidade.
No Dia de Finados encontramos tanta gente verdadeiramente mobilizada por sentimentos de fraternidade, de ternura, de amor, que vão aos cemitérios, aos Campos Santos, na busca de homenagear os seus entes queridos. Merece todo respeito essa iniciativa.
Nada obstante percebemos quanto que vamos ficando escravizados dessa situação, imaginando, supondo, pelos aprendizados que fizemos das nossas religiões, ou pelas coisas que ouvimos falar aqui e ali, que os nossos mortos estão lá. Chegamos a ouvir as pessoas dizerem: Eu vou visitar a cova do meu pai. Eu vou visitar a sepultura de minha mãe.
Como se ali estivesse o seu pai, como se ali a sua mãe estivesse.
Lemos inscrições tumulares do tipo Aqui jaz Fulano de Tal, mas não é verdade. O Fulano de Tal que nós queremos homenagear não jaz ali na sepultura. Ali estão seus despojos, ali estão seus restos mortais.
É como se nós tirássemos uma roupa imprestável e atirássemos essa roupa na lixeira. Esquecemos dela, deixamos que o tempo cumpra o seu papel. Nenhum de nós teria a idéia, de todos os dias, ir lá visitar a roupa velha e imprestável, atirada no monturo.
Então, nada obstante esse respeito com que nós, cristãos, encaremos essa relação com os mortos, com o morrer, por mais que estejamos com esse intuito de homenagear aos nossos seres queridos, será muito importante criarmos o hábito de pensar neles vivos.
Ali na cova, na sepultura não jazem nossos entes queridos. Eles jazem, eles vivem, eles vibram, na nossa intimidade, nos nossos pensamentos. Eles se movem no Mundo dos Espíritos. (continua, Parte II)
Raul Teixeira
Texto transcrito referente ao Programa Vida e Valores, de número 98,
apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do
Paraná. Programa gravado em agosto de 2007. Exibido pela NET, Canal 20,
Curitiba, no dia 18 de maio de 2008.
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